Um dia normal, como qualquer outro em que se inicia uma nova etapa em sua vida, onde você está cheio de idéias, esperanças e que tudo é muito novo e excitante. Início de um curso que você espera aproveitar ao máximo e que lhe dê retorno o mais depressa possível. Como de praxe, uma apresentação básica de como tudo vai funcionar a metodologia, um vídeo motivacional e tudo mais. Claro que uma boa e rápida apresentação de cada novo aluno não poderia faltar. Nome, o que faz, por que e o que espera do curso escolhido, são perguntas básicas da apresentação individual. Tudo correndo normalmente até um participante revelar que trabalha em um hospital filantrópico bem conceituado na cidade, um hospital referência no tratamento contra o câncer. Isso gerou um grande comentário entre todos na sala, pois, como já disse, o hospital realiza um excelente trabalho e é referência e modelo para os demais centros de tratamento a pessoas com câncer. Para ilustrar um pouco do que ela (a aluna) via todos os dias no seu trabalho, ela contou a todos os presentes, uma história comovente que havia ocorrido lá. Essa história me motivou a escrever esse texto para refletir um pouco sobre algumas atitudes humanas que muitas vezes não seriam tomadas nem por um animal irracional, mas que infelizmente a ignorância das pessoas as fazem tomar.
Vamos à história.
Certo dia dá entrada no hospital uma jovem de apenas 18 anos de idade vinda do interior apresentando sinais de espancamento e de uma possível gestação. A menina bastante abalada e fragilizada por tudo que havia passado e pelo seu atual estado de saúde, conta às pessoas o que aconteceu com ela.
A menina conta que há algum tempo vinha sentido algo em seu corpo que não era normal. Seu pai, homem do interior, começa a notar que a barriga da menina havia crescido. Apesar da garota insistir em afirmar que não poderia estar grávida, seu pai, em um acesso de raiva, a expulsa de casa, mas antes lhe agride de tal forma que ela precisar ser encaminhada a um hospital. No hospital, depois de alguns exames, descobre-se que a menina realmente dizia a verdade. A gravidez não havia se confirmado, e sim um câncer em estado avançado. Naquele momento duas vidas entravam em estado de definhamento. A menina em seus últimos momentos de vida e sofrimento, não podia nem contar com a presença do pai, pois, o homem, também morria aos poucos de remorso e vergonha por ter feito o que fez a própria filha mesmo ela suplicando para que ele acreditasse nela. Em pouco tempo ela faleceu e de certa forma seu pai também, já que nunca mais foi a mesma pessoa de antes.
Talvez movido por um pensamento “pré-histórico”, onde o medo irracional da opinião alheia moldou a sua vida e o fez tomar rumos que muitas vezes não são os mais adequados ou os mais desejados no momento, é que esse homem sucumbiu ao temor de ter em sua face dedos em riste e olhares de reprovação por ter uma filha “rampeira”, que acabou trocando os pés pelas mãos, entrando em uma estrada que pra ele não teve volta. Cuidado com suas decisões, principalmente as que não toma por sua própria cabeça, talvez não tenham volta, e se tiverem, podem ter um custo bem alto.